Por Abilio Diniz

As crises fazem parte da economia. Elas sempre virão e atingirão a todos, inclusive os seus concorrentes. Por isso, é preciso estar preparado não só para resistir a elas, mas também para aproveitar as oportunidades que sempre surgem nesses momentos.
O pior a fazer numa crise é se recolher, entrar num buraco e esperar que ela passe. Isso não só não funciona, como o mundo lá fora estará bem diferente quando você sair. É preciso antecipar cenários e movimentos para se fortalecer. Quem se movimentar corretamente, estará melhor posicionado e muito mais preparado para aproveitar a retomada do crescimento numa nova paisagem. 
Por isso a crise é o momento de trabalhar muito. E, neste momento, duas coisas são essenciais: ter espírito de sobrevivência e ficar de olho no caixa. Com as receitas declinantes e o crédito caro e escasso, quem não tem caixa não tem chão.
Além disso, não adianta ficar reclamando nem culpando a crise pelos seus problemas. A pauta da empresa não pode ser esta. Isso não constrói nada e ainda destrói o espírito combativo e o poder de mobilizar e motivar o seu time. 
Sempre digo que a crise demanda mais olhar para o espelho do que olhar pela janela. É preciso enxergar a situação como um todo, rever todos os processos, todas as pessoas e todos os gastos. Muitas coisas que em momentos de bonança são aceitáveis ou toleráveis, numa crise se tornam fatais. A crise é o momento de consertar o que não está funcionando ou está funcionando mal. Ela é muito boa para eliminar ineficiências, turbinar eficiências e pensar de forma diferente e inovadora.
Mais do que nunca, a gestão tem que ser de alta performance. Tenha um propósito, estabeleça ou reforce a cultura da organização, olhe para a gestão com lupa, simplifique e refine os processos, cuide das pessoas e exerça liderança. São os talentos e a capacidade de agir como um time focado e motivado que levarão a empresa a aproveitar as oportunidades dessa crise.
Lembre-se: não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe. Essa crise vai passar. Mas não fique esperando ela acabar. Acabe com ela, ao menos na sua empresa e na sua carreira.