Em
meados de 2014 alertei no meu blog e no facebook sobre os malabarismos
contábeis do governo federal, como o subsídio disfarçado da Energia Elétrica,
os preços dos combustíveis mantidos artificialmente baixos, o Real
sobrevalorizado frente ao dólar, no objetivo de manter o controle artificial da inflação, também chamava a atenção o
crescimento do endividamento da Petrobrás de 2012 para 2013.
Naquela
oportunidade ainda não existia operação lavajato, mas a despeito dos graves
problemas de corrupção, os números da administração federal revelavam que as
contas públicas iam de mal a pior.
É
notório que Guido Mantega alertou em relatório a presidente Dilma sobre todos
estes problemas que agravariam ainda mais o déficit público, mas tudo foi
engavetado e mantida a gastança em virtude das eleições que se aproximavam
(leia-se reeleição). Aliás o Brasil sempre sucumbiu aos projetos de poder que
precedem em muito os projetos de governo.
Naquele
ano eu argumentava que a presidente Dilma não merecia outro mandato, justamente
pelo evidentes deslizes, com a conta combustível chegando aos 26 bilhões de
reais anuais, a conta energia mais de R$ 6 bilhões, sendo financiados por bancos
estatais (CEF) para não onerar ainda mais as contas do tesouro nacional, os tais malabarismos ou pedaladas fiscais.
Enfrentei
petistas enfurecidos, bradando as conquistas sociais dos últimos anos, a
ascenção da classe C, tudo aquilo que já sabemos e que é verossímil.
Mas
passadas as eleições, a “maioria” dos votos válidos decidiu por mais 4 anos de
governo petista, quando é importante ressaltar que ela foi eleita com pouco
mais de 30% dos total de eleitores brasileiros.
O grande percentual de não comparecimentos, mais votos brancos e nulos,
mais os votos do candidato Aécio perfazem dois terços dos eleitores nacionais.
Então
não é novidade que logo de partida havia 60%, talvez um pouco mais de eleitores
que não eram favoráveis ao governo.
E
também não é segredo que paralelamente as conquistas sociais, grande parte do
consumo até ali foi financiado com crédito farto e “barato” oferecido pelos
bancos oficiais governamentais, as chamadas medidas anti-cíclicas.
Entretanto,
por incrível que pareça, o governo sabia e muito que o modelo vigente de gastos
estava esgotado, e partiu para o ajuste demitindo Mantega e nomeando Joaquim
Antonio Levy pra o Ministério da Fazenda.
O
que precisamos entender é que esta crise estava anunciada há muito tempo, e que
nada obstante a fragilidade política do governo junto a sua base de sustenção
no congresso, não havia outro caminho senão o ajuste.
Esta
crise não tem nada de conjuntural, ela é absolutamente estrutural, e vem sendo
empurrada com a barriga há pelo menos 20 anos.
Certamente esta afirmação deixara muitos estupefatos, mas estes são os
fatos.
A
carga tributária nacional era há 20 anos aproximadamente 24% do PIB, e as
despesas orçamentárias governamentais cresceram e continuam a crescer ano a ano
por osmose, ou em bom português, cresce sozinha, sem a ingerência de ninguém,
simplesmente pela herança constitucional e o arcabouço jurídico da legislação
vigente, que criou muitos direitos para a população, principalmente para uns
poucos privilegiados e organizados do setor público, os chamados direitos
adquiridos, que foram adquiridos justamente pelo corporativismo estatal que tem
suporte político há décadas. Também para
o restante da população muitos direitos foram estabelecidos pela nossa carta
magna e suas derivações, que são as Leis que os regulamentam. Ninguém disse ao criar tantas despesas
(leiam-se direitos) de onde viriam os recursos.
Os governos sucessivos não tiveram outra alternativa a não ser aumentar impostos,
e isto foi feito por todos os governos desde então.
Atualmente
nossa carga tributária está em 37% do PIB, somando-se mais 6% de déficit
orçamentário em 2014, chegamos a absurdos 43% do PIB.
O governo
gasta 43% de tudo o que é produzido no país.
Alguém acha que este modelo é sustentável????
Por favor me expliquem como continuar aumentando a carga tributária nos próximos anos?
Um
congresso irresponsável, liderado por um apátrida, oportunista e aproveitador,
votando pautas ditas “bombas” para aumentar ainda mais os gastos
governamentais, fazendo seu joguinho político pessoal, querendo barganhar seu provável indiciamento na Lava a Jato.
Ora o problema, agora, a ser enfrentado não é
a presidente Dilma, de nada resolveria a esta altura um impeachment. Primeiro
porque não há base legal, se não houver
prova material do seu envolvimento nos esquemas de corrupção, isto seria golpe,
segundo porque quem precisa ser cassado
é o presidente da Câmara de Deputados, um lesa-pátria que deveria ser expulso
da política.
Todas
estas bobagens de antecipar eleições, não tem respaldo legal e constitucional,
reduziria nossas instituições a pó de traque. Esta besteira só pode ser
propagada por políticos oportunistas e mal intencionados e pelas “elites”
acéfalas, e a chamada classe média alta, que estão sentindo a dor do ajuste via efeito
colateral recessivo. Estas “elites”
deveriam conhecer um pouco mais dos números nacionais, de como se compõe o
orçamento da união, para verificar que os gastos com os denominados “direitos
adquiridos” de uma minoria, com suas aposentadorias integrais, suas regalias,
licenças-premio, etc são absolutamente insustentáveis, entre outros direitos
que perpetramos ali desde 1988.
Sei
que isto atrairá o furor corporativista de todos os que trabalham no setor
público, e até entendo o direito destes de tentaram manter este status quo,
pois foi isto que os atraiu para o empregador estatal.
Entretanto quem paga a conta é a população
em geral, o contribuinte, a parcela mais pobre da população.
E
este estado de coisas é agravado por outro grave problema estrutural que vem se
perpetrando há décadas: no Brasil se
tributa os salários e o consumo e não o capital, as grandes fortunas, os
grandes acúmulos de dinheiro na mão de poucos.
Isto
não é um modelo socialista, os grandes países capitalistas tem uma estrutura
tributária antagônica a que é praticada no Brasil.
O
capitalismo é um sistema “injusto”, mais é o melhor sistema que a civilização
encontrou até o dia de hoje, ele funciona, premia os que mais se esforçam, os
mais competentes, os que produzem mais, etc.
Qualquer sistema de bem estar social só
pode ser sustentado por países que enriqueceram.
E
enriquecer não é aumentar o PIB absoluto, mas o PIB per capta, o PIB relativo,
o PIB por habitante, é aumentar a renda da população, via aumento da
produtividade e melhor distribuição de renda.
E
esta é uma tarefa gigantesca que o Estado, os governos tem o dever de
concretizar enfretando todo o tipo de reação e oposição de parcelas da
sociedade que embora minorias concentram a renda e consequentemente o poder. Não é uma tarefa fácil, mas não existe outro
caminho.
A China é a segunda economia do planeta, mas é
um pais pobre com seus 1,2 bilhões de bocas para alimentar. O Reino Unido tem um PIB menor que o do
Brasil, mas com sua população de apenas 60 milhões de pessoas é um país
rico. A Alemanha com seus meros 40
milhões de almas é o pais mais rico da Europa, porque tem a maior renda per
capita da Europa, a exceção das ilhazinhas de prosperidade como Mônaco,
Liechstein, Malta, San Marino, etc.
Não adianta crescer o bolo, se não
aumentarmos a fatia dos mais pobres, via educação pública de qualidade, e
inclusão social.
Aumentamos o bolo, e o governo fica com a
metade, e os políticos + funcionalismo público abocanham 50% desta metade. O que sobra para a grande massa????
Este
é um modelo falido, não tem sustentação
a longo-prazo. Alguém tem que ter a coragem
de colocar os pingos nos is, e explicar isto para a população, e principalmente
a estas minorias privilegiadas.
De
contar para a povo de onde vem e para onde vão os recursos.
Os
mais pobres quando compram um refrigerante, uma dúzia de ovos, um maço de
cigarro, uma cerveja, estão pagando um gigantesco imposto indireto que vai
financiar as condições extremamente diferenciadas dos que passaram num concurso
público, são estes que pagam a conta e não o governo. O
governo não paga nada, apenas tira de uns e transfere para outros. Ou
melhor faz o contrário do que deveria fazer, tira de uma maioria desorganizada
com interesses difusos, e transfere para uma minoria organizada e corporativa.
Eu posso fazer estas afirmações com a
experiência de quem foi do setor público, passei em 3 concursos públicos, Nossa Caixa, Banespa, e Banco do Brasil, no
primeiro nem cheguei trabalhar, no segundo fiquei 6 meses, e no terceiro juntando
tudo (fui menor aprendiz do BB) quase 10 anos, pedi demissão as vésperas de
completar 30 anos de idade, fora dos programas de incentivo o chamados PDVs, pois
eu não me enquadrava no perfil de funcionários que o Banco queria se livrar,
fui embora sem nenhuma regalia.
O Banco passava por uma reestruturação, tinha uma folha de pagamento gigantesca e para quebrar a espinha dorsal do velho funcionalismo corporativista, se utilizou amplamente do assédio moral, e todo o tipo de barbaridade perpetrada pelos capatazes destacados para fazer o chamado serviço “sujo” de forçar a saída de funcionários mais velhos e caros, via PDV.
O Banco passava por uma reestruturação, tinha uma folha de pagamento gigantesca e para quebrar a espinha dorsal do velho funcionalismo corporativista, se utilizou amplamente do assédio moral, e todo o tipo de barbaridade perpetrada pelos capatazes destacados para fazer o chamado serviço “sujo” de forçar a saída de funcionários mais velhos e caros, via PDV.
O
Banco Gigante precisava ajustar-se as
novas regras do mercado ditadas pelo Plano Real. Tinha 120 mil funcionários, míseras 6 milhões
de contas, e apenas R$ 70 milhões de Ativos. Não suportei ver tanta sujeira e
decidi que ali não era meu lugar. Não estava no alvo de demissão do Banco, pelo
contrário, ganhava relativamente pouco, era novo e tinha até o apelido de
“Turbo”, mas o ambiente na Direção Geral era fétido e insalubre. Deixei os cães
raivosos tipo Manoel Reigota dos Santos e Manoel Pinto, triturando cinquentões
do velho BB, que lotaram as clínicas psiquiatras, e fui cuidar da minha vida.
Hoje
o Banco ajustado tem 116 mil funcionários a maioria jovens, 64 milhões de contas,
mais de R$ 1 trilhão em ativos. Entretanto creio que assim como o BNDES e a Caixa Federal ainda terá que passar por um expurgo contábil pois muitos empréstimos na gestão Dilma foram realizados fora dos ditâmes das boas práticas bancárias, prazos, taxas e limites de crédito mais do que generosos.
Meu irmão caçula, é o exemplo típico da minha
abordagem, ele nunca passou em qualquer concurso público, não estudou, até
porque não precisou, se tivesse no mercado tinha que ter seu próprio negócio
pois não teria empregabilidade no setor privado. Ele trabalhava num cartório que foi absorvido
pelo estado, do dia pra noite tornou-se funcionário público, passou a fazer parte da elite dos
trabalhadores nacionais e irá aposentar-se com salario integral, com todas as
regalias do serviço público, pago por nos outros pobres diabos. Sorte dele, azar nosso que não quis ficar
pendurado nas tetas do governo.
Quando
é que teremos a coragem de enfrentar o problema???? Ou vamos ficar fingindo que o problema do
país é uma pobre diaba, incompetente na articulação política que foi jogada ali
pelo seu antecessor, que de tamanha popularidade elegeria qualquer outro poste,
o grande líder de um partido que abraçou a mediocridade, via corrupção, tornando-se uma agremiação de mafiosos que
sentenciam seus pares a morte se for preciso, para manter seu modelo maldito e
corrupto, vide as execuções de Celso Daniel e Toninho do PT, por exemplo.
O PT
tem que ser expurgado da vida nacional, perdeu a curva da história, é um
partido de medíocres, com sua liderança composta por mafiosos corruptos, que
investiram tudo no seu plano de permanência
no poder a qualquer custo em detrimento de um plano nacional de governo de
longo-prazo.
Sendo
acharcados pelo fisiologismo pmdebista a exemplo do que ocorria com o psdb
quando era “apoiado” pelo DEM, capitulou as pressões e entrou de cabeça no
Mensalão, no toma-lá-dá-cá, na nomeação desenfreada de cargos e criação de
ministérios para acomodar a “base aliada” a um custo de bilhões de reais.
Mas
não é só o PT que precisa purgar, o PSDB com seus Metrôs e Rodoanéis, o PMDB
que é um ajuntamento de líderes regionais, com seu fisiologismo sanguessuga,
que custa uma fortuna ao erário público, e sua estrutura camaleônica e
fratricida, também precisam passar por um expurgo.
A
qualidade dos nossos políticos é duvidosa, muitos carecem de formação, mas
tantos outros de caráter, vergonha na cara e moralidade cívica que dirá então
de terem real espírito público.
E o
modelo putrefado federal se replica e se alastra nos estados e nos municípios,
porque a matéria-prima é a mesma.
A
corrupção não está só no Lava a Jato ou no governo federal. Ela é endêmica e domina todas as
esferas de governo, nas pequenas prefeituras, nas polícias civis e militares e
seus braços rodoviários estaduais e federais e até nos bombeiros, por incrível
que pareça. O que dizer então dos
fiscais de renda, do Ministério do Trabalho, dos fiscais municipais.
Não
escapa nada e quase ninguém, é um câncer que se alastrou e de tão grande tornou
inviável qualquer procedimento cirúrgico sob pena de paralisar os governos,
pois estes tem “estabilidade” e são organizados, corporativistas.
Estas pessoas não olham no espelho somente
para o próprio umbigo. E quando olham não veem a imagem real, mas a imagem
que projetam de si mesmas. Uma imagem narcisistica e condescendente com o fedor
que se instalou nas suas mentes apodrecidas pela indecência. Mentes quase psicóticas e cauterizadas por
seus arcabouços de justificativas, pois o patrão é mais corrupto.
Elas também não olham ao seu redor, para a
tremenda injustiça social da qual são partícipes e co-artífices.
Vamos
continuar vivendo trancafiados em nossos guetos de prosperidade rodeados de uma
horda de miseráveis, trabalhadores, marginais, traficantes, desempregados,
viciados.
E os carrões continuarão saindo dos seus
condomínios para buscar na periferia a cocaína que os faz esquecer o quão
desumanos e covardes eles são.
Precisam do THC para relaxar, e aplacar suas
consciências embriagadas pela hipocrisia contumaz que forjou suas
personalidades fúteis e frívolas, consumistas e utilitaristas que só conhecem o
caminho dos shopping centers e de Miami beach e vez por outra frequentam um
clube de serviço para mostrar ao mundo como são benemerentes, ganhando
imerecidos aplausos medalhas e honrarias de seus pares e lindos botons para
colocar nas lapelas de seus paletós.
Doam uma cadeira de rodas para quem eles mesmos, ajudaram vitimizar transformando-os em paraplégicos de mente e de
sonhos, e que precisam, como dizia o poeta Cazuza, da caridade de quem os
detesta, porque poluem a beleza das esquinas e semáforos lotados de vendedores
ambulantes, deficientes, miseráveis, que imploram a compra caridosa de uma
caixinha de Mentos ou de uma gominha.
Na
crise todos querem ficar líquidos, a indústria liquidam seus estoques, o
comércio parcela sem juros, demitem se retraem pois querem ficar líquidos. Os banqueiros sobem os juros cortam o crédito
por precisam ficar líquidos.
Jarbes caro amigo. Muito bom seu artigo !
ResponderExcluirObrigado Paul. Abraços
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