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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Transparência na divulgação dos Balanços agrada os analistas


O balanço de 2014 da Petrobras veio pior que o esperado pelos analistas e sugere um pregão volátil para a Bovespa nesta quinta-feira. Minutos após a divulgação do resultado, por volta das 19h40, os recibos de ações (ADRs) ON da estatal negociados no pregão noturno (“after hours”) da Bolsa de Nova York chegaram a cair 5%, depois se recuperaram e subiam 2% às 20h00. No pregão regular, os ADRs fecharam em alta de 4,08%, a US$ 8,93.

Na Bovespa, Petrobras ON (0,52%) e PN (0,22%) registraram intensa volatilidade ao longo do dia, mas terminaram o pregão com altas moderadas. Analistas já alertavam, independente dos números apresentados no balanço, que as ações estavam esticadas e poderiam passar por uma correção hoje. A ação PN acumula alta de 35% neste mês e a ON sobe 40%.

“Os ajustes foram maiores que o projetado pelo mercado. O ‘impairment’ [baixa de ativos] chegou a R$ 44 bilhões. A expectativa era de uma baixa de R$ 20 bilhões. O lado bom é que o balanço veio sem ressalva do auditor externo. Mas essa baixa maior de ativos pode ter sido decorrente de pressão do auditor para aprovar as contas”, avalia o estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira.

Para o analista da Independent Research, Pedro Galdi, o ponto que mais preocupa no balanço é o elevado grau de alavancagem da companhia. Segundo a Petrobras, a relação dívida líquida/Ebitda alcançou 4,77 vezes no fim de 2014. “E o primeiro trimestre deve ser pior, porque o endividamento continua crescendo. Vamos ver qual argumento a diretoria vai dar para reduzir essa alavancagem no médio prazo.”

O lado positivo do balanço, na opinião do analista da Clear Corretora, Raphael Figueredo, foi a transparência. “Os números agora trazem a realidade da empresa, algo muito esperado pelo mercado. Eles fizeram uma baixa contábil grande mas, aparentemente, ajustaram todos os ativos que não estavam dando lucro, ineficientes ou que sequer saíram do papel.”

Em relação às ações, a opinião dos analistas é que a alta recente “aconteceu muito rapidamente”. “Houve uma melhora na percepção de risco a partir da informação de que o balanço seria divulgado”, ressalta Pereira, da Guide Investimentos. As ações saíram da casa dos R$ 8 na metade de março, atingindo os R$ 13 na semana passada. “O papel vai ter que se ajustar aos fundamentos. O fato é que a Petrobras continua muito endividada.”

Figueredo, da Clear Corretora, também acredita que a fase do “rali” de Petrobras já passou. “Com o balanço na mão, o mercado vai se voltar para os fundamentos. Investidores podem embolsar os ganhos amanhã. Seria muito justo. E é preciso destacar que a apresentação do balanço é uma obrigação da empresa. E a Petrobras está bem atrasada”, ressalta.

Hoje, apenas a expectativa pela divulgação do balanço da Petrobras já foi suficiente para que o mercado brasileiro registrasse uma significativa melhora na percepção de risco dos investidores, que se refletiu em alta das principais ações, especialmente das estatais. Independente dos números apresentados pela companhia, a sensação entre os investidores é que um grande peso foi retirado das costas do mercado.


Analistas são unânimes em afirmar que o atraso na divulgação do balanço vinha prejudicando a Petrobras, travando a Bovespa e, principalmente, manchando a imagem do país no exterior nos últimos cinco meses. Com a “limpeza” nas contas, o Brasil deve voltar a ganhar espaço na cena internacional.

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